O ex-técnico do Corinthians costuma se manter fiel aos seus jogadores, mas mudou as coisas antes dos amistosos contra a Rússia e a Alemanha.
Quando Tite assumiu o cargo de técnico da seleção brasileira, quase metade das Eliminatórias para Copa do Mundo havia sido disputada e o Brasil estava definhando em sexto lugar. Então, com 10 vitórias e dois empates, 30 gols marcados e três sofridos, nos viajaremos para a Rússia como um dos favoritos.
Houve dois aspectos que se pode atribuir essa reviravolta notável. Uma é a excelência tática do técnico brasileiro, as horas que ele estudou, especialmente o futebol europeu de alto nível, e aplicou conceitos à sua equipe.
O outro é o gerenciamento de pessoas do Tite. Ele é uma figura carismática e cativante, que se parece um pouco com um paizão descolado. Não há dúvida de que ele tem um bom histórico de conquistar e persuadir seu grupo a acreditar no projeto coletivo.
O lado tático de Tite o levou a ser treinador da seleção. Onde ele é capaz de trabalhar com uma qualidade muito maior de jogadores. Mas o outro lado dele, o de líder do grupo, nem sempre parece totalmente confortável com as exigências de seu cargo atual.
Um treinador de clube tem todo um universo diferente na frente dele. Ele é restrito em suas opções por aqueles jogadores à sua disposição. Esta é sua matéria prima. Estes são os homens que ele precisa conquistar.
Um chefe de uma seleção nacional, especialmente do Brasil, vive uma realidade muito diferente. A leva de opções possíveis é quase ilimitada. Existem tantos jogadores a serem observados, e essa é a parte fácil. O difícil é fazer as escolhas. Escolher é excluir. O que talvez signifique deixar de fora um jogador com quem o técnico tem trabalhado arduamente para formar um relacionamento, para fazê-lo se sentir um membro valioso e importante do grupo.
Tite comentou no passado que, se dependesse dele, ele estaria incluindo mais de 30 jogadores em seu elenco, e que ele precisaria de sua equipe técnica para ajudá-lo a reduzir a um número gerenciável.
Seu instinto é ser leal. Mas na batalha para citar apenas 23 para a Copa do Mundo, ele é auxiliado por duas memórias.
Uma vem do seu próprio passado. Em 2012 ele levou o Corinthians aos títulos nacionais, continentais e mundiais. Desde então ele confessou que cometeu um erro. Ele era leal demais. Ele manteve a fé com o mesmo grupo, e depois de subir todas as montanhas disponíveis, eles não tinham para onde ir. Seu nível de desempenho caiu. Ele deveria ter agitado as coisas com algumas novas contratações. Ele deveria ter seguido a prática de Alex Ferguson no Manchester United; compre sempre depois de uma temporada vitoriosa, mas mostre sua fé e seja mais relutante em reforçar quando a equipe não estiver à frente.
O outro exemplo é da horrível campanha da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Em retrospectiva, está claro que o então técnico Luiz Felipe Scolari era leal demais ao seu grupo depois de ter vencido a Copa das Confederações do ano anterior. Um ano antes do evento principal, a equipe da Copa do Mundo já estava tão bem quanto esculpida em pedra.
Tentando evitar um destino semelhante, Tite está envolvido em impulsos contraditórios, como ficou claro na composição de seu elenco para os amistosos do último mês contra a Rússia e a Alemanha. Ele já garantiu a 15 de seus fiéis atletas um lugar no avião para a Copa do Mundo. Mas ele está muito interessado em promover uma competição feroz pelo maior tempo possível. Novos jogadores ainda estão tendo a oportunidade de sonhar, Anderson Talisca, do Besiktas, e Willian Jose, da Real Sociedad, foram incluídos pela primeira vez. Se na mente de Tite eles se saíram bem, pode ser difícil deixá-los fora dos 23 selecionados, e todo o grupo é será assim sacudido.
As características desses dois recém-chegados também são interessantes. Willian Jose é um homem de área, centroavante, um tipo bem diferente de Gabriel Jesus ou Roberto Firmino. E Talisca é um meia ofensivo com um chute forte a longa distância e uma capacidade aérea considerável.
Um ponto tático também está claramente sendo feito. Com o empate de 0 a 0 de novembro com a Inglaterra, em Wembley, Tite pode estar pensando em opções que pode fazer quando seu time estiver lutando contra adversários bem postados defensivamente.