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O Brasil de Tite ainda enfrentará seu maior teste

A seleção viajou para Barranquilla para enfrentar uma complicada Colômbia, mas terá adversários ainda mais duros à frente.

O Brasil está 100% classificado para Copa do Mundo da Rússia 2018 e de quebra estabeleceu um recorde de 9 vitorias seguidas sob o comando do treinador Tite. Na última terça-feira (05) o Brasil enfrentou e empatou em 1 a 1 com a Colômbia em Barranquilla pela 16ª rodada das Eliminatórias.

É verdade, que a Colômbia está longe de seu melhor nível de desempenho. Mas eles estavam na ocasião em segundo lugar na tabela (foram ultrapassados pelo Uruguai), e a partida foi disputada no calor absurdo de Barranquilla. Curiosamente, o Brasil escolheu mandar o jogo contra o Equador da quinta-feira em Porto Alegre, no sul do país, ficando assim com uma enorme escalada em todos os sentidos até o norte da costa colombiana.

Claro, o Brasil ganhando ou perdendo foi de relevância limitada. Após essas nove vitórias consecutivas sob o comando de Tite, a seleção não só já conseguiu chegar à Rússia, mas também garantiu o primeiro lugar na tabela de classificação.

Esta é uma vantagem, então, o Brasil já pode planejar a Copa do Mundo do próximo ano. Porém a prova real virá no próximo ano. O padrão geralmente baixo dos atuais adversários sul-americanos do Brasil é uma coisa. Os gigantes da Europa (que, teve cinco dos últimos seis finalistas da Copa do Mundo) provavelmente oferecerão um teste mais rígido.

Enquanto isso, tudo que o Brasil pode fazer é vencer os adversários colocados no caminho antes deles. Pode parecer grosseiro criticar uma equipe que tenha alcançado esse objetivo com tal estilo e alegria, mas parece haver um problema que ainda não foi solucionado, um defeito de que os colombianos pareciam estar bem cientes.

Em toda sua carreira internacional, Neymar já saiu como perdedor em um outra competição sul-americana (reconhecendo que a derrota para o Paraguai nas quartas-de-final da Copa América de 2011 ocorreu em uma disputa de penalidades após uma partida diferente). Essa derrota foi contra a própria Colômbia na Copa América de 2015, realizada no Chile.

Carlos Sanchez realizou um excelente trabalho de marcação na estrela brasileira, Neymar ferveu em frustração. Após o apito final, ele agrediu o árbitro e, como resultado, foi suspenso para o resto da competição e das duas primeiras rodadas das eliminatórias da Copa do Mundo. Em uma pesquisa vi que nas 11 rodadas que ele jogou, Neymar tomou mais cinco cartões amarelos, e o quinto, quinta-feira retrasada contra o Equador, foi especialmente preocupante.

Havia pouca vantagem no jogo, e ainda menos pressão sobre nossa seleção. O Brasil já havia se classificado. O Equador estava apenas procurando aguentar a pressão, mas a multidão de Porto Alegre parecia estranhamente tranquila. Não havia nenhuma razão real para o tom emocional do jogo subir para níveis potencialmente perigosos. Mas aconteceu, principalmente por causa de Neymar.

No primeiro semestre, o camisa 10 do Brasil passou por uma fase em que parecia determinado a receber faltas no meio do campo. Os adversários obrigavam, já que Neymar atuava longe demais da área, e de qualquer forma Neymar é tão rápido e talentoso que conseguia algumas tentativas genuínas de jogar. As apostas aumentavam. Neymar ficou frustrado. Afinal se ele não recebe uma falta, se o árbitro não apitar. O jogo pode ficar fora de controle. Por um instante breve, Neymar pareceu perder a cabeça, e havia certa inevitabilidade sobre o cartão amarelo que ele recebeu.

Isto, o tom emocional do jogo e os cartões amarelos, pode não ser um problema agora. Mas certamente pode se tornar um durante a Copa do Mundo, quando as apostas e a pressão serão muito maiores.

O Brasil precisa se concentrar ainda mais o mais rápido possível. Mas aqui Tite tem um problema. Seu antecessor, Dunga, fez de Neymar capitão. No ano passado, o jogador deixou claro que ele não queria continuar no papel. Tite gastou seu tempo girando a capitania. Tem sido um jogador diferente em todos os jogos, uma ótima maneira de conscientizar os jogadores sobre sua importância, mas uma opção que corre o risco de deixar a equipe sem uma estrutura de liderança definida no campo.

Os eventos de quinta-feira poderiam ter sido cortados. Uma figura de autoridade, como a do capitão de Carlos Alberto Torres, seguramente teria entrado avisado a Neymar dos perigos de um show sem sentido. Tudo acabou bem para o Brasil, mas, em grande parte, porque o apito do fim do primeiro tempo soprava e Tite conseguiu colocar seu time devidamente focado durante o intervalo. Próxima vez, esta é uma tarefa que talvez seja necessário fazer no campo. Mas o Brasil tem alguém para fazer isso?

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