Manifestações de grupos da extrema-direita no último fim de semana, onde grupos pregavam a “supremacia branca” aumentou a temperatura das discussões raciais.
As manifestações de extrema-direita que aconteceram em Charlottesville no último fim de semana, onde grupos pregavam a “supremacia branca” e entraram em confronto com pessoas que pensavam diferente, aumentou a temperatura das discussões raciais na NFL. Desde a temporada passada, a liga tem encarado uma série de manifestações de jogadores contra a desigualdade. E os acontecimentos recentes nos Estados Unidos inflamaram o cenário para o campeonato deste ano, que começa em setembro.
A situação nos bastidores não tem sido das melhores desde a edição passada, quando o quarterback Colin Kaepernick decidiu ajoelhar-se durante a execução do hino dos EUA em sinal de protesto. Diversos jogadores passaram a seguir o gesto, o que irritou as franquias. O resultado da atitude foi negativo. Prova disso é a geladeira que Kaepernick encara um ano depois de começar o “movimento”. Visto como astro em outros tempos, o jogador passou a ser ignorado completamente pelos times.
Atualmente sem equipe, Kaepernick não fechou com ninguém desde que deixou o San Francisco 49ers. Mais do que isso, o quarterback tem sido preterido até mesmo reforços recém-aposentados. O caso mais emblemático aconteceu no Miami Dolphins, que preferiu contratar Jay Cutler, que havia acabado de virar comentarista de televisão.
O ocorrido em Charlottesville voltou a abrir a ferida e recolocou os protestos em foco. Michael Bennet, defensive end do Seattle Seahawks, e Marshawn Lynch, running back do Oakland Raiders, já confirmaram que vão se manifestar durante a temporada. A expectativa é que mais atletas façam o mesmo.
“Eu espero poder incentivar alguém a agir em suas comunidades e ajudar uns aos outros. Sentar ao lado de alguém do sexo oposto, com alguém de outra raça ou religião, entender que existem diferenças e tentar unir as pessoas, mudar a sociedade. Se você não gosta de como as coisas estão, tente mudar”, disse Bennett em entrevista à NFL Network.
Quem nasceu no palco da passeata de extrema-direita também lamenta o ocorrido. Chris Long, defensive end do Philadelphia Eagles, demonstrou irritação por ver a cidade em que nasceu ficar marcada por confrontos raciais.
“Não tem como não ficar nervoso. Eu realmente não sei o que essas pessoas tentam incitar, mas estão conseguindo e isso me irrita. Eu sei que essa subcultura (supremacia racial) existe no nosso país por muitos anos, mas vê-los em um só lugar, especialmente sua cidade, realmente incomoda”, criticou.
Só que, mais uma vez, o assunto será polêmico e nem todos são favoráveis a manifestações durante a cerimônia de abertura das partidas. O treinador do Cleveland Browns, Hue Jackson, deu a entender que não quer ver seus comandados com atitudes de protesto.
“Acho que todos têm o direito de protestar. Eu entendo, mas o hino nacional significa muito para mim pessoalmente, a organização e nossa equipe de futebol”, disse Jackson. “Eu espero que não tenhamos esses problemas”.
“Entendo que existe muita coisa acontecendo no mundo. Eu quero manter isso aqui. O que tivermos que enfrentar, vamos encarar como um time em nosso ambiente fechado. Nós conversamos sobre isso. Eu realmente espero que não aconteça. Não posso dizer se vai acontecer ou não, mas eu conheço nossos jogadores e não acho que o foco está nisso”, completou.
Quem também falou sobre o clima na NFL foi o comissário Roger Goodell. De acordo com o cartola, é possível entender que as pessoas têm outros pontos de vista e possuem o direito de protestar.
“Uma das coisas que temos que entender é que as pessoas têm diferentes pontos de vista. É algo que todos querem (mudança). O hino nacional é um momento especial para mim, um ponto de orgulho. Isso é realmente importante no momento, mas também temos que entender o outro lado. As pessoas têm direitos e queremos respeitá-los”, afirmou.
A temporada da NFL começa no próximo dia 7 de setembro. O jogo que abre o campeonato terá o campeão New England Patriots recebendo o Kansas City Chiefs, do kicker brasileiro Cairo Santos. Será a primeira chance de ver se os protestos vão acontecer novamente.