Modelo do surfe tem tolerância à maconha e cocaína e testes apenas durante as etapas do Circuito Mundial, enquanto o skate não tem nenhum sistema de controle; COI trabalha para adaptar as regras.
Duas das novidades do programa olímpico dos Jogos de Tóquio 2020, o surfe e o skate transformaram-se nas últimas décadas em esportes de alto rendimento, cada vez mais profissionais. Atletas vivem dos patrocínios, vídeos produzidos e ganhos das modalidades, deixando para trás a áurea de amadorismo. Quando o assunto é doping, porém, ambos carregam regras que precisam ser revistas e terão que se adaptar à realidade olímpica e ao controle da Agência Mundial Antidoping. O skate, por questões financeiras, tradicionalmente nunca teve essa regulação e não faz controle antidoping em suas competições. Já o surfe até faz testes em laboratórios credenciados pela Wada, o que começou em 2013, porém, adota modelo diferente dos demais esportes que estarão na próxima Olimpíada e tem uma tolerância para maconha e cocaína.
- Todas as federações internacionais assinaram o código da Wada e tem que cumprir as regras desse código. Nas Olimpíadas, todos os atletas estão sujeitos ao código do Comitê Olímpico Internacional com relação ao doping - disse o COI em nota enviada à reportagem.
A Wada esclarece que não é uma agência de testes antidoping, e sim é responsável pela política de controle no esporte em geral em prol do jogo-limpo. De acordo com a entidade, as organizações são obrigadas a realizar uma avaliação de risco adequada de doping dentro de seu esporte, além de programas eficazes que testem as substâncias certas no momento certo. Até hoje, nenhum surfista foi suspenso pelo uso de maconha ou cocaína. Os únicos que sofreram punições em relação a doping foram os brasileiros Neco Padaratz, em 2005, e Raoni Monteiro, no ano passado, ambos suspensos pelo uso de substâncias que melhoravam o rendimento.
- Para os testes fora de competição, a organização de cada evento cria um modelo que faz com que os atletas tenham que dizer onde estarão, preenchendo um formulário chamado(RTP) , onde eles podem ser encontrados e testados a qualquer momento, não apenas durante as competições. O teste surpresa, sem aviso prévio, é o alicerce de qualquer programa antidoping bem-sucedido - garante a Wada, que desde maio de 2013 afrouxou a política para que atletas possam fumar maconha sem serem pegos em testes ou suspensos de competições, deixando o limite de THC, substância da canabis, de 15 nanogramas por mililitro para 150 nanogramas.
Surfe não faz testes fora do período de competição
Para 2020, a cúpula do Comitê Olímpico Internacional (COI) está trabalhando em conjunto com a Associação Internacional de Surfe (ISA) para avaliar os critérios de classificação e algumas das regras que serão adaptadas para o evento. A Liga Mundial de Surfe (WSL), que representa dois mil surfistas profissionais, incluindo a elite e a divisão de acesso, liberou os seus atletas para a Olimpíada do Japão e se colocou à disposição para ajudar. Entre as mudanças pelas quais o esporte vai atravessar, a política antidoping ainda é uma questão polêmica e não definida.