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Esporte feminino venceu preconceitos e tradições

De Caripátida e Maria Lenk a Marta, o esporte feminino vem quebrando barreiras.

Rotulada de sexo frágil, a mulher conquistou um espaço especial na sociedade. Elas simplesmente invadiram os campos de futebol, as quadras, piscinas e todo complexo esportivo que antes só homens podiam utilizar. Foi um grande avanço e o mundo do esporte cedeu aos encantos do universo feminino. Com toda sua garra e força, elas se tornaram campeãs e vencedoras de seus próprios limites, rompendo preconceitos.

Não foi tão fácil conquistar esse espaço. Somente com o surgimento da industrialização e da era moderna é que as mulheres começaram a se organizar e a lutar por um espaço ao lado dos homens. Tiveram que passar por grandes esforços físicos, pois era de conceito geral a fragilidade do próprio corpo feminino e ainda quebrar a barreira que a principal tarefa da mulher era apenas a reprodução. Além disso, havia o medo do esporte masculinizar. Hoje temos presidentas de clubes, árbitras jogadoras de futebol.

Como tudo começou

A história das mulheres no esporte começa nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, onde os homens competiam nus e as mulheres eram proibidas até de assistir às competições. A sentença das mulheres estava no primeiro item do regulamento olímpico, que proibia a participação de mulheres em qualquer modalidade. Na Grécia a lei de participação da mulher em esportes era tão rígida, que no regulamento dos jogos, artigo 5º, dizia que as mulheres casadas não podiam assistir as competições, com sanção de morte. Entretanto, uma mulher chamada Caripátida desobedeceu esta lei ao assistir à participação de seu filho, Psidoro, no pugilato, disfarçou-se de treinador colocando uma túnica e ingressou no local dos jogos. Psidoro venceu a competição e Caripátida acabou invadindo a arena para abraçar seu filho, e foi descoberta, porém por ser de família influente de esportistas campeões olímpicos, ela escapou da morte.

Após conquistar a Grécia, no período de domínio Romano, o imperador Teodósio, proibiu as práticas esportivas por considerá-las festas pagãs. As mulheres participavam como dançarinas ou acrobatas para divertimento de convidados, não tendo nenhum aspecto de caráter esportivo. Só a partir do Renascimento é que as mulheres foram liberadas a praticar algumas modalidades femininas. A mulher só consegue conquistar um espaço mais significativo no esporte após a mudança provocada pelas ideias dos filósofos humanistas. Elas só poderiam fazer ginástica, com objetivo se preparar para ter filhos.

Apesar de vários avanços, a participação efetiva do sexo feminino nos esportes competitivos aconteceu apenas nos Jogos Olímpicos de 1900. Onze mulheres foram até Paris, na França, para participar dos I Jogos Olímpicos da era Moderna. Uma das mulheres mais importantes para a inclusão feminina nas olimpíadas foi a francesa Alice Melliat, que através da Federação Esportiva Feminina Internacional, reivindicou, junto ao Comitê Olímpico Internacional a entrada efetiva do sexo feminino nas competições de atletismo e de outras modalidades nos Jogos Olímpicos.

Maria Lenk foi a primeira mulher sul-americana a participar das olimpíadas, ela tinha apenas 17 anos. Desde então, a participação feminina nos jogos cresceu constantemente, fazendo com que na maioria dos esportes sirvam para os dois sexos. O surgimento do fitness na década de 70 contribuiu na aceitação da força de músculos para as mulheres devido ao culto da beleza e juventude do corpo feminino. As mulheres conseguiram se destacar através das lutas contra os preconceitos na sociedade, e até mesmo em atividades onde homens predominavam no esporte.

Brasileiras no esporte

Na primeira metade do século XX o país não contava com um número significativo de mulheres praticantes de atividades físicas e esportivas de qualquer natureza.

A participação da mulher nos esportes e atividades físicas começa nos clubes na década de 20 através das jovens filhas de imigrantes europeus que já

Apreciavam o valor do exercício, na importância da saúde física e incentivavam a prática das filhas. Pois o cenário sociocultural que o Brasil se apresentava ainda era desfavorável para as mulheres.

A participação de Maria Lenk foi fundamental para história da natação feminina dentro do esporte brasileiro. Ela foi a primeira a representar o Brasil e a América do Sul nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, e ainda inovou com o estilo borboleta. A década de 1930 ainda é marcada pelo primeiro campeonato feminino de bola ao cesto (São Paulo), com as mesmas regras dos homens e duração de quatro períodos de dez minutos, vencido pelo City Bank Club.

Maria Esther Bueno foi um dos ícones e conquistou espaço esportivo internacional ao vencer o campeonato de Wimbledon de tênis em 1959, 1960 e 1965 na disputa individual e nas duplas em 1958, 1960, 1963, 1965 e 1966.

Nas olimpíadas de 1964 em Tóquio, Aída dos Santos, outro importante ícone na evolução feminina nos esportes, obteve a melhor participação brasileira em olimpíadas. Hortência do basquete, Marta (futebol), Sandra Pires (vôlei de praia), Fofão (vôlei de quadra) Maurren Maggi (atletismo), Fernanda Keller (triátlon), Daiane dos Santos (ginástica), Magic Paula (basquete) se destacam entre outros nomes de peso. Essas e muitas outras atletas venceram não só campeonatos e receberam títulos, mas o preconceito e o direito de viver com saúde praticando e adquirindo profissionalismo no mundo esportivo que é para todos.

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